quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sobre o caso "Nós pega o peixe"...

A polêmica já está formada tem umas duas semanas, eu acho, mas só hoje é que o "bafafá" sobre o livro do MEC que, segundo a maioria esmagadora da imprensa, ensina língua portuguesa de forma errada para os alunos tomou corpo no meu cotidiano.
O livro em questão é o "Por Uma Vida Melhor" da coleção "Viver e Aprender" que seria usado nas turmas de EJA (Ensino de Jovens e Adultos)... A notícia mais "antiga" sobre o assunto pode ser lida AQUI... como vocês sabem, sou professor de Língua Portuguesa e, para minha surpresa, recebi uma cópia do livro para que eu o avaliasse... coisa que fiz esperançoso que um livro bom como este fosse o escolhido para ser usado neste ano... para minha surpresa, uma segunda coleção foi escolhida... (falarei disso depois)

Para ser sincero, o trecho que está gerando tanta polêmica passou em brancas nuvens pela minha análise, já que o capítulo que se refere ao trecho do famigerado "Nós pega o peixe" está contextualizado em estabelecer que existem variações linguísticas que não atendem a norma culta... e estabelece que, neste ambiente de contextualização, o aluno respeite essa variação e tenha discernimento para utilizar a norma culta quado for necessário... quer ver? Olha em baixo!

Dei uma "googlada" procurando me aprofundar no assunto e o que achei foram páginas que reproduziam a notícia que já está "linkada" acima, algumas opiniões bestas de gente que não está apta a comentar sobre o assunto (preciso falar disso um dia) e blogs de professores de língua portuguesa (principalmente o blog do professor DiAfonso, que escreveu dois artigos fantásticos sobre o assunto) que mostram que a confusão toda está sendo inflamada pela mídia que, parece, tem o poder de polícia sobre os deslizes linguísticos de qualquer natureza que possa surgir na nossa sociedade. Isso fica claro no artigo publicado no site "Carta Capital" em que o linguista (e meu ídolo) Marcos Bagno fala sobre o assunto.

Portanto, estabelecer a norma culta padrão como única e absoluta significa não reconhecer a língua como um organismo vivo que modifica-se a todo instante. Quanto ao livro que eu estou utilizando com meu alunos do EJA... é da coleção "Tempo de Aprender" e possui quatro livros integrados e possui capítulos que falam sobre variação linguística também, porém limita-se apenas a contar a seguinte "estorinha":

"Em nossa sociedade há falares mais prestigiados e menos prestigiados. Damos o nome de norma urbana de prestígio aos falares urbanos que em uma comunidade linguística desfrutam de maior prestígio político, social e cultural. O uso da língua empregada por falantes cultos da área urbana costuma ser prestigiado socialmente, tanto na fala, quanto na escrita. Mas a língua pode se manifestar em outras variedades, ou seja, outras maneiras de falar e escrever, diferentes da norma de prestígio e tão legítimas quanto."

Alea jacta est!

2 comentários:

  1. Caro Prof. Reinaldo Sagica. Boa noite!

    Grato pela referência. Já estou seguindo o "O dono 'de' Casa". Excelente!

    Estou linkando o seu blog à barra lateral do Terra Brasilis Educacional.

    Grande abraço, cumpadi!

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  2. oi reinaldo, as pessoas fazem tempestade em copo d'água. é igual ao caso dos vídeos contra homofobia do ministério da educação. todo mundo tá fazendo o maior escândalo com isso. daqui a pouco esquecem e a gente que tem que ficar em sala de aula e fazer o nosso trabalho.

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